A economia brasileira tem apresentado alguns avanços importantes, mas também enfrenta desafios que precisam ser enfrentados com urgência. Esse é um tema complexo, mas fundamental para o entendimento do nosso dia a dia e do futuro do país.
Quando falamos sobre economia, logo surgem diversas opiniões. Para realmente compreendermos a situação do Brasil, é preciso olhar para alguns indicadores-chave, como o PIB, a inflação, o mercado de trabalho e o cenário internacional.
A seguir, apresento esses aspectos de forma detalhada, considerando tanto os dados mais recentes quanto as tendências de longo prazo.
O crescimento da economia (PIB)
O Produto Interno Bruto (PIB) é um dos principais indicadores econômicos, representando o valor dos bens e serviços produzidos no país. Nos últimos anos, o Brasil teve um crescimento modesto, mas, felizmente, já superou os períodos de recessão de 2015 e 2016. No entanto, o país ainda não está aproveitando todo o seu potencial produtivo.
Em 2024, o agronegócio e a extração de minérios foram grandes responsáveis pelo crescimento da economia. Por outro lado, setores como a indústria e o comércio enfrentaram dificuldades devido ao baixo consumo das famílias e aos elevados custos de produção. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, fechou o ano de 2024 com alta de 4,83%, sendo impulsionado especialmente pelos setores de alimentação, educação e saúde.
Contudo, essa média não reflete totalmente a realidade de muitos brasileiros. A percepção dos consumidores, principalmente os de renda mais baixa, é de que os preços subiram muito mais, em especial os alimentos. Produtos como carne e leite, por exemplo, tiveram aumentos ainda maiores, o que impacta diretamente o orçamento das famílias de menor poder aquisitivo.
Preços e taxa de juros
A inflação é um dos fatores que mais afeta o cotidiano das pessoas, pois ela está diretamente ligada ao aumento dos preços dos produtos essenciais. Nos últimos anos, a inflação tem se mantido sob controle, mas sempre há o risco de pressões que podem elevar os preços, como a instabilidade do câmbio ou aumentos nos custos de produção.
Para controlar a inflação, o Banco Central utiliza a taxa de juros. Quando ela está elevada, o custo do crédito sobe, reduzindo o consumo e ajudando a controlar os preços. No entanto, isso também limita a capacidade de consumo das famílias e dificulta os investimentos das empresas, o que pode comprometer o crescimento da economia no longo prazo. Esse equilíbrio é essencial, mas ao mesmo tempo delicado.
Empregos no Brasil
O mercado de trabalho no Brasil apresenta uma realidade mista. A boa notícia é que a taxa de desemprego tem caído, indicando que mais pessoas estão conseguindo trabalho. Porém, um número significativo dessas vagas está no mercado informal, o que implica em uma menor proteção para os trabalhadores e falta de garantias trabalhistas.
Além disso, os salários não têm acompanhado o aumento do custo de vida, o que impacta diretamente o poder de compra das famílias. Essa realidade se reflete em uma pressão sobre o consumo, especialmente para aqueles que dependem de um salário fixo para sobreviver.
Investimentos e o cenário global
Os investimentos estrangeiros são vitais para a economia brasileira, pois ajudam a gerar emprego e impulsionam o crescimento. Embora o Brasil tenha atraído capital internacional nos últimos anos, a instabilidade política e as leis complexas continuam sendo obstáculos para muitos investidores.
Além disso, o país está diretamente influenciado pelas crises internacionais e pelas tensões econômicas globais. A dependência das exportações, especialmente de produtos como soja, carne e minérios, faz com que o Brasil sofra com as flutuações dos mercados internacionais. Em 2024, o Brasil precisou lidar com um cenário de instabilidade política e econômica em outros países, o que afetou negativamente as suas exportações.
Então, a economia vai bem?
Analisando todos esses fatores, podemos concluir que, embora a economia brasileira esteja em recuperação e mostrando sinais de crescimento, ainda há muito a ser feito. O agronegócio segue sendo uma área forte, mas é necessário um desenvolvimento mais equilibrado de outros setores.
O governo precisa implementar reformas e cortar gastos, pois o déficit fiscal continua sendo um problema sério. As medidas urgentes para resolver esses impasses serão determinantes para que o país alcance um crescimento mais robusto e justo.
*Marcello Marin é contador, administrador, Mestre em Governança Corporativa e especialista em Recuperação Judicial