O Rio Grande do Sul registrou um aumento expressivo nos pedidos de demissão no primeiro mês de 2025. De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), 46,3% dos desligamentos em janeiro ocorreram por iniciativa do próprio trabalhador, totalizando 130.340 saídas voluntárias. O número reflete uma tendência crescente de profissionais que optam por deixar seus empregos em busca de melhores condições e novas perspectivas de carreira. O diagnóstico é do empresário e especialista em mudança comportamental Italo Rickes.
"O aumento de 5,4% nos pedidos de demissão em relação ao acumulado do ano anterior revela um novo comportamento entre os trabalhadores que já percebemos há algum tempo e temos alertado. Muitos apontam como principais razões para a saída a busca por um equilíbrio entre vida pessoal e profissional, insatisfação com salários baixos, falta de benefícios e uma cultura organizacional desalinhada com seus valores. Além disso, há uma forte tendência entre os mais jovens de priorizar ambientes de trabalho mais saudáveis e com oportunidades de crescimento", salienta Rickes que integra o Gestão de Impacto, programa de imersão voltado para empreendedores que reunirá mais de cem empresários em Gramado, na Serra Gaúcha, do dia 27 a 30 de abril, com o foco no impulsionamento de negócios e atingimento de alta performance através de estratégias e ferramentas de gestão.
Jovem lideram pedido demissão
Os jovens entre 19 e 29 anos lideram os pedidos de demissão, representando 45% das saídas voluntárias. Esse comportamento reforça a ideia de que as novas gerações não aceitam mais condições precárias de trabalho ou ambientes tóxicos. No total, o Caged registrou 1.475.850 desligamentos no estado, sendo 51% de homens e 49% de mulheres.
Para Rickes, o fenômeno registrado no RS é um reflexo de uma transformação cultural maior: a busca por significado no trabalho. Esse movimento silencioso, mas poderoso, demonstra que os trabalhadores estão cada vez mais empoderados e exigentes em relação às condições oferecidas pelas empresas.
"O trabalhador de hoje não quer apenas um emprego. Ele quer fazer parte de algo maior, que tenha significado. Quando isso não existe, ele sai. E rápido", afirma o especialista.
Faixas etárias mais afetadas:
• 19 a 29 anos: 45%
• 30 a 39 anos: 25%
• 40 a 49 anos: 16%
• 50 a 64 anos: 8%
• 18 anos: 6%
O alto índice de pedidos de demissão é um alerta para as empresas que ainda operam com modelos tradicionais e inflexíveis de gestão, adianta Ítalo Rickes. A falta de alinhamento entre discurso e prática dentro das organizações é um dos principais fatores que levam à insatisfação dos trabalhadores.
"O método Gestão de Impacto defende que um ambiente de trabalho saudável e produtivo deve ser baseado em liderança empática, políticas reais de saúde mental, autonomia e um plano de carreira estruturado. Empresas que investem em cultura organizacional e bem-estar têm menos chances de perder talentos para o mercado", salienta Rickes.
As organizações que entenderem essa nova mentalidade, conclui o especialista, e investirem em melhorias estruturais tendem a reter seus talentos e construir equipes mais engajadas. Caso contrário, diz, as empresas continuarão a perder seus melhores profissionais para oportunidades que ofereçam mais do que apenas um contracheque.