Alguns dos principais bancos e instituições financeiras trabalham com a expectativa de expansão do crédito para pequenas e médias empresas este ano. Nem todos divulgam o desempenho de suas carteiras de financiamento no ano passado por causa do período de silêncio que antecede a divulgação dos balanços anuais, mas ainda assim apontam para um resultado melhor que o de 2011. Num cenário de taxas de juros estabilizadas e manutenção dos níveis de inadimplência uma das estratégias é oferecer maior diversidade de linhas de financiamento.
No Bradesco, o desempenho da carteira dirigida a pequenas e médias empresas teve crescimento abaixo da carteira geral de crédito: 10,6%, no ano, e 3,7%, no último trimestre, em comparação a 11,05% e 3,7% em 2011. O banco registrou redução nas margens financeiras, de 7,6% para 7,3%, porque acompanhou o movimento da concorrência puxado pela política do governo de queda da taxa de juros.
A inadimplência teve estabilização e, no caso da MPMEs, registrou até redução. A taxa total de inadimplência do banco ficou em 4,1%, em dezembro de 2012, com 6,2% para pessoas físicas, 4,2% para micros, pequenas e médias e 0,3% para as grandes empresas. O estoque da carteira de crédito, em 31 de dezembro, era de R$ 385,5 bilhões, dos quais R$ 115,3 bilhões direcionados a MPMEs. Além disso, o Bradesco repassou para o segmento R$ 8,4 bilhões em recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
"Já percebemos no primeiro mês indicadores melhores dos que os de janeiro de 2012. Não é nenhuma grande explosão, mas os percentuais estão acima dos do ano passado", diz José Ramos Rocha Neto, diretor de empréstimos e financiamentos do Bradesco. A linha com maior demanda foi a do capital de giro. A taxa de juros varia de 2,29% a 5,04%, dependendo das garantias e tempo de conta no banco. Essa linha de financiamento cresceu 7% no ano todo e 5,6% no último trimestre de 2012, enquanto a carteira de crédito total do banco teve cresceu 13,1% e 4,2%. O CDC Veículo, linha de financiamento de veículos para pessoa jurídica com juro inicial de 0,83% ao mês, registrou variação positiva de 15% no ano e 6,1% no último trimestre. A expectativa é que o crédito tenha expansão de 13% a 17% neste ano em comparação a 3,5% do PIB previsto pelo governo.
A carteira de crédito a pequenas e médias empresas do Santander, que cresceu 14,5% em 2012, acima da média do mercado, começou o ano na mesma velocidade. Dois produtos se destacam: o Super Giro Premium Plus e o Giro Modernização. No primeiro, o contrato pode ser de 12, 18 ou 24 meses. A taxa de juros, de 2,30% mês, cai para 1,10% nas últimas parcelas se o cliente pagar pontualmente todas as mensalidades. Além disso, ele pode ser beneficiado com a isenção do último pagamento se houver queda na taxa de juros referencial, a TR. Já na linha Giro Modernização, o pequeno e medido empresário tem até 60 meses, com carência de seis meses, para conseguir financiamento para a reforma ou ampliação do seu negócio, aquisição de imóveis, alteração na infraestrutura da loja ou a modernização do estabelecimento.
"A tendência do Santander é trabalhar os recebíveis, principalmente de cheques e duplicatas, e capital de giro. Quando lançamos o Super Giro Premium Plus, há quatro anos, atendemos aos pedidos dos clientes que reivindicavam um benefício pela pontualidade", diz Cristiane Nogueira, superintendente de pequenas e médias empresas do banco.
O Itaú Unibanco, que encerrou 2012 com mais de R$ 1 trilhão em ativos totais, mantém a tendência de crédito embalada pela trajetória descendente da inadimplência. A expectativa para 2013 é que o crescimento no segmento de pequenas e médias chegue a 19%. "A previsão é de uma expansão maior este ano até porque o perfil da inadimplência está em queda", diz Rogério Calderón, diretor de controladoria corporativa do Itaú Unibanco. "Todo o cenário é positivo. Há expectativa de retomada da indústria e grandes possibilidades de investimento em turismo e comércio com a proximidade das copas das Confederações e do Mundo", afirma Carlos Eduardo Maccariello, diretor de produtos do Itaú Empresas.
A principal linha de crédito do banco para pequenas e médias empresas é o Giropress, de capital de giro, com prazo de 12 a 48 meses e juros que podem chegar a 1,50% ao mês - abaixo do praticado pelo mercado de crédito em geral que, segundo balanço semanal do Banco Central, tem ficado em torno de 19% ao ano. O balanço do banco fechou com um estoque de crédito contratado por pequenas e médias empresas em 31 de dezembro de 2012 de R$ 88,9 bilhões. O saldo ficou estável durante o ano.
"Continuamos com um ritmo forte de crescimento na expansão do crédito", diz Roberto Derziê de Sant'Anna, diretor-executivo de pessoa jurídica da Caixa Econômica Federal. O principal produto do banco para pequenas e médias empresas é o Giro Caixa Fácil, que financia até R$ 1 milhão de capital de giro, com taxa única de 0,94% ao mês e prazo de pagamento de dois a 40 meses. O banco oferece também o Giro Caixa Múltiplo de antecipação de recebíveis das empresas com limite vinculado à conta e taxa de juros de 1% ao mês. "O cliente só paga pelo uso efetivo do dinheiro e se usar o limite apenas metade do mês paga meio por cento de juros", diz Roberto Derziê de Sant'Anna.
Os desembolsos do sistema BNDES para micro, pequenas e médias empresas em 2012 atingiram R$ 50,1 bilhões, variação de 0,93% na comparação com 2011. Para as micros foram destinados R$ 23,8 bilhões - 2,55% a mais em relação ao período de janeiro a dezembro do ano anterior. Para as pequenas foram R$ R$ 12,5 bilhões, ou mais 4,25%. Já para as médias foram R$ 13,7 bilhões, decréscimo de 4,46%. O Cartão BNDES bateu recorde de desembolsos e a expectativa é manter a trajetória de crescimento em função, especialmente, da entrada da bandeira Cabal Brasil e de novos bancos emissores como o Banco do Nordeste e o Bancoob.
Em 2012, foram realizadas mais de 707 mil transações no Portal de Operações, num total de R$ 9,54 bilhões em financiamentos, com crescimento de 26,4% em relação ao ano anterior. O Cartão BNDES consiste em uma linha de crédito rotativo e pré-aprovada exclusiva para micro, pequenas e médias empresas, com limite de até R$ 1 milhão por banco emissor (Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banrisul e Itaú), taxa de juros de 0,91 % ao mês, em janeiro de 2013, e pagamento em até 48 prestações mensais fixas, sem anuidade.